26 de março de 2012

É uma honra compartilhar os méritos filosoficos da minha amiga Rosilda , leia com atenção o texto abaixo, esta ótimo, Parabéns!!!

Acerca da adolescência e do namoro
 
 
A adolescência é uma fase notável na vida. Talvez por ser a etapa do desenvolvimento humano marcada pelas transições que efetivamente promovem o adolescente à juventude.  Nela acontecem as trocas de experiências, descobertas diárias, crises de relacionamentos, oportunidades a todo instante e pra tudo o que se possa imaginar.
Mas tudo mesmo. Tanto é que se podem observar as inúmeras voltas em torno deles mesmos, sem que muitas vezes os adolescentes saibam que direção tomar.   Agem então como se sofressem de insônia, mudando de um lado para o outro até que o cansaço os traga repouso.  Algumas vezes, entretanto, tudo o que querem é interação.  Encontrar com quem partilhar suas experiências; se sentirem parte de um grupo, saber que toda essa profusão de sentimentos, dúvidas, incertezas e transformações também é vivida por outros.
Todavia, nessa busca incessante por seus iguais, acabam deixando-se levar por emoções que lhes atiçam a curiosidade.  São as chamadas primeiras paixões.  Hoje estão loucamente apaixonados por um, amanhã por outro e na próxima semana um rostinho mais bonito e interessante lhes aparece e então, nova paixão.
       Para Sêneca, filósofo renascentista, “a alma humana é de natureza ativa e propensa ao movimento, por isso, toda oportunidade de  exercitar-se e distrair-se lhe é grata, assim como as paixões, cujo tormento equivale à sensação do prazer”.  Mas, acaso esse troca-troca é capaz de temperar o fastio corrosivo que abrasa a alma adolescente?  Será capaz de extirpar o frenesi que neles habita?  Ou será que é somente desse modo que conseguem enfrentar essa fase tão cheia de dificuldades e dilemas que lhes acomete?
       Enxergam tudo com alegria e facilidades sem que tal gozo lhes interesse por um período maior de tempo. 
       E, quando se fala em tempo, vale lembra que houve uma época em que se namorava.  Conhecia-se um ao outro e isso delongava um tempo maior dando aos enamorados a oportunidade de encantamentos e deleite.
       Depois disso veio a fase da paquera.  Período de experimentação com menos compromisso que na fase anterior, mas, no qual ainda mantinha-se certo pudor em relação ao que era conhecido/sabido pela sociedade.
       Passado esse período, reeditou-se novamente o conceito de namoro.  Chegou então o tempo do “ficar”.  E, novamente era mudada a dinâmica das relações interpessoais afastando-se cada vez mais dos padrões considerados bem aceitos socialmente.  Estabeleceu-se a fase do “quem pode mais, beija mais”; sem preocupações, exigências ou compromisso.  A adesão adolescente foi grande e a permissividade por parte dos “ficantes” agregou várias consequências para o público menos experiente que busca de forma equivocada motivação para enfrentar as incertezas e frustrações que a adolescência oferece.
        Mas não parou por aí a “evolução” ameaçadora do que uma vez já foi chamado de namoro.  Estamos agora na época da “pegação”, na qual esquecendo suas personalidades, bem como os valores éticos e morais que norteiam suas vidas, os jovens e adolescentes acabam assumindo não o que os deleita verdadeiramente, mas, sim, o que lhes é imposto pela sociedade midiática, tratando tudo e todos como relativos às circunstâncias e temporais.
        Tamanha é a força destrutiva nessa nova fase de estragos – pegada - que      os relacionamentos não emplacam de forma alguma. Aqui vale lembrar uma música, sucesso de alguns verões passados: “beijo na boca é coisa do passado, a moda agora é, é namorar pelado”, pois, na época da “pegada” o sexo tornou-se banal, as pessoas objetos e os relacionamentos obscuros e inexistentes. Um verdadeiro troca-troca no qual as pessoas não se importam mais umas com as outras e procuram de algum modo fugir de si mesmas.
       Essa prática negativa e tendenciosa serve unicamente para dissimular o retrato da instabilidade emocional pela qual passa a sociedade em crise de valores na qual vivemos.
       Chega dessa multiplicidade de errôneas concepções e dessa fragmentação de sentimentos. De agora em diante o que vale é confiar em si mesmo, sem se deixar levar por desvios ao longo do percurso e fazer da adolescência um período de aprendizado significativo; pois é bem provável que já estejamos trilhando a era Pós-Contemporânea sem nem ao menos nos darmos conta disso.
 
Créditos da Autoria: Professora Rosilda da Silva 
Data da criação: 21/03/2012

Um comentário:

O que você acha da inclusão de pessoas com deficiência na educação?